quarta-feira, 30 de setembro de 2009

zoomarine

Do alto dos 125 quilos Calantha, uma tartaruga comum Careta careta, não parece disposta a ajudar a equipa de biólogos e veterinários do Zoomarine. Os técnicos retiram-na da grande piscina e tentam mantê-la o mais confortável possível para a missão que levará, literalmente às costas, quando for devolvida ao habitat natural. Molhada com frequência, é mantida numa caixa almofadada, enquanto a carapaça é limpa com a ajuda de uma esponja e de uma lixa: “Consiste em libertar a carapaça de qualquer alga que faça com que o emissor não adira tão bem na carapaça depois, com a ajuda de uma resina resistente à água salgada fixamos o emissor à carapaça e, no final, vamos colocar uma tinta que vai evitar que qualquer alga se fixe naquela zona e danifique o emissor”, explica Marco Bragança, coordenador do Porto de Abrigo do Zoomarine. O mesmo acontece a outras moradoras de peso: a Cat e a Tartaruga também preparadas para receberem um emissor de satélite. “Estamos a colocar emissores de satélite na carapaça de cada uma das tartarugas que nos vai permitir a partir de qualquer computador, via internet, receber o sinal e saber exactamente com alguma precisão onde andam, para que local foram, a que temperatura está o mar e que temperatura têm”, sublinha Marco Bragança. Para Frederico Mestre, biólogo, a devolução de quarta-feira trará um conhecimento precioso à equipa que acompanhou as tartarugas. “Até agora temos feito devoluções sem termos a noção precisa dos locais para onde se deslocam, agora vamos ter esse conhecimento que é importante”. Um conhecimento que permite seguir, em tempo real, a rota tomada pelas três tartarugas, duas verdes e uma comum, cujas histórias se cruzam neste porto de abrigo. A Calantha pertence à espécie de tartaruga comum, a Careta careta, e é uma tartaruga que veio do Aquário Vasco da Gama onde viveu mais de 25 anos. Em 2005 teve agendado o regresso ao habitat selvagem, mas a libertação foi travada pelo Instituto de Conservação da Natureza que considerou que o animal estava mal preparado e reencaminhou-o para o porto de abrigo do Zoomarine onde aprendeu, tanto quanto possível, a desabituar-se dos humanos. A segunda chama-se Tartaruga, nome que recebeu no museu municipal do Funchal. Viveu naquele espaço mais de 30 anos, só depois foi reencaminhada para o Zoomarine. A Cat viajou do Brasil para Portugal numa mochila, o que é ilegal. Foi confiscada pelas autoridades no aeroporto e reencaminhada para o Zoomarine. As histórias das três tartarugas cruzam-se no Porto de Abrigo deste zoológico, onde reaprenderam a nadar num espaço com grande massa de água, desenvolveram a musculatura, deixaram de ser alimentadas à boca e reaprenderam a capturar alimento vivo. Capacidades fundamentais para o regresso ao ambiente selvagem, ainda que a equipa de biólogos não tenha certezas quanto à sobrevivência sem a ajuda de humanos. “É a grande incógnita deste processo. O facto de estarmos a colocar emissores de satélite tem exactamente a ver com o desconhecimento que existe em relação ao comportamento dos animais que passaram tanto tempo sob o cuidado de humanos”, sublinha Marco Bragança. O regresso ao habitat selvagem está agendado para esta quarta-feira. Para acompanhar, em tempo real, na Siconline. Texto retirado da Sic online. http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/NoticiasVida/2009/9/tres-tartarugas-reaprenderam-a-viver-no-habitat-natural.htm

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixem o vosso comentário